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O ecossistema de empreendedorismo que se vive na área alimentar, em Portugal, tem respondido aos desafios da indústria nas mais variadas vertentes com dinamismo. Além das alternativas proteicas, existem exemplos na circularidade, logística, otimização de processos industriais e operações automatizadas.

O setor agroalimentar português reveste-se de capital importância para a economia, tendo um papel forte nas exportações nacionais e no equilíbrio do consumo alimentar interno. Na verdade, o setor agroalimentar, em particular a indústria transformadora, totalizou, em 2023, 9,2 mil milhões de euros em exportações, mantendo o crescimento do peso deste setor nas exportações nacionais.

Apesar de ser maioritariamente constituído por PMEs, este setor apresenta recursos humanos com alta capacidade técnica e produtos com elevada qualidade, que são aspetos que destacam
Portugal nos mercados externos. De acordo com os dados de 2023, Portugal exportou para 177 mercados e os principais destinos foram Espanha, França, Brasil, Países Baixos e Reino Unido. De
entre os produtos exportados, o vinho, o azeite, as conservas de pescado, o tomate em conserva e os sumos de fruta são as categorias que mais se destacam (AICEP).
De facto, um dos fatores que influencia a posição do setor como produtor de excelência é a sua clara aposta na inovação, que permite tornar o mesmo mais sustentável, tecnologicamente avançado e responsivo às tendências e preferências do consumidor. Há uma estrutura de inovação forte, com um sistema científico e tecnológico robusto e atento aos desafios da indústria alimentar, mas também infraestruturas essenciais para impulsionar os avanços científicos e tecnológicos (p.ex.: centros de competências, incubadoras, laboratórios colaborativos).
As empresas do setor mostram estar atentas às exigências do consumidor e procuram, em conjunto com as entidades do sistema científico e tecnológico nacional, encontrar respostas e soluções
para os desafios que enfrentam internamente. O setor agroalimentar aposta na inovação colaborativa e na importância das sinergias que potenciam a inovação e a competitividade das empresas.
Este ecossistema colaborativo tem vindo a ser estimulado pela PortugalFoods ao longo dos anos, que incentiva as empresas a usufruírem dos quadros de financiamento e a entrarem em consórcios de projetos de investigação e desenvolvimento tecnológico com as entidades do sistema científico, onde têm sido explorados importantes avanços para o setor.

Projetos Mobilizadores
Estes são uma das iniciativas que potenciou o ecossistema colaborativo no setor agroalimentar nacional. Entre 2017 e 2022, decorreu o MobFood, o primeiro projeto mobilizador que explorou
três grandes áreas pelas 43 entidades presentes: segurança alimentar e sustentabilidade, alimentação para a saúde e bem-estar, e alimentos seguros e qualidade. O segundo projeto mobilizador,
cLabel+ – Clean Label Food, reuniu 20 entidades, 8 empresas e 10 entidades do sistema científico e tecnológico nacional, onde foram desenvolvidos produtos alinhados com o conceito “clean label”, mais naturais, nutritivos e orientados para o consumidor.
Foi com recurso a este trabalho inicial, de aproximação entre entidades, que foi possível desenhar e constituir o Pacto de Inovação para o Setor Agroalimentar, através da Agenda Mobilizadora VIIAFOOD (Plataforma de Valorização, Industrialização e Inovação Comercial para o Agroalimentar), no âmbito do PRR, envolvendo 29 empresas de diferentes áreas de atividade do setor agroalimentar e 20 entidades do sistema científico nacional, associações do setor e laboratórios colaborativos com competências nas áreas de I&D aplicadas à área alimentar.
O VIIAFOOD tem um impacto muito relevante na economia, através de um investimento total de 113 milhões de euros em inovação produtiva e I&D, acelerando a adoção de soluções mais
verdes, tecnológicas e com impacto positivo na sociedade civil. É com base neste ecossistema colaborativo e integrado que estão previstas até 300 referências de novos produtos e serviços resultantes das 31 grandes linhas de desenvolvimento (PPSs).
Além do investimento do VIIAFOOD nas unidades produtivas e de investigação, permitindo explorar novos mercados e consumidores, a Agenda também permite contribuir para o avanço de
várias regiões do país, inclusivamente regiões do interior, e apresenta um impacto muito significativo na criação de emprego e emprego altamente qualificado.


Agenda VIIAFOOD
Esta foi desenhada com base em oito pilares estratégicos, que contribuem para os pilares do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR): Nutrição e Alimentos Saudáveis e Seguros; Novas Experiências Sensoriais (novos aromas, texturas e formatos); Qualidade, Segurança e Rastreabilidade dos Alimentos; Comportamento do Consumidor; Sustentabilidade no Setor Agroalimentar; Processamento Eficiente de Alimentos e Embalagens; Infraestruturas Colaborativas para a Co-Inovação e Pré-Industrialização, e Promoção e Internacionalização do Setor Agroalimentar.
Quanto aos desenvolvimentos da Agenda, estes proporcionam um vislumbre do que será a alimentação do futuro, como a impressão 3D para a valorização de subprodutos, o desenvolvimento de produtos alinhados com o posicionamento “clean label”, a pesquisa de novos ingredientes sustentáveis, a melhoria nutricional dos produtos, o sistema de auto serviço de cerveja de pressão em casa ou em qualquer lugar, o sistema de realidade mista para contextos imersivos no âmbito da análise sensorial, o serviço digital de entregas rápidas e ainda embalagens melhoradas e ambientalmente responsáveis.
Estes desenvolvimentos estão totalmente enquadrados com as tendências de inovação para o setor agroalimentar, as quais destacam a importância da circularidade, do aproveitamento dos
subprodutos e da redução do desperdício alimentar, o interesse por produtos e ingredientes com benefícios funcionais (p.ex.: fibra, vitaminas, probióticos, algas), a procura por produtos que
invocam a tradicionalidade e a autenticidade, a melhoria na experiência no consumo, o desenvolvimento de alternativas proteicas, o modo de produção dos alimentos, particularmente
o papel da agricultura regenerativa no equilíbrio da saúde dos solos e na produção de alimentos com menor impacto climático e na biodiversidade.

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